Os 7 arquétipos para a construção de personagens que você precisa conhecer

Cristina Ravela
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Mesmo que você negue, os famosos arquétipos fazem parte da narrativa de qualquer enredo


"Ah, minha história não tem vilões"
"Minha história não tem mocinhos; todos cometem erros"

Talvez você já tenha deparado-se com essas frases, e já adianto que não existem ambos os casos. Essa é uma ideia bastante comum de que toda má reação só é gerada por causa de uma má ação, ou seja, todos os erros humanos podem ser justificáveis sem que você aponte o vilão da história. E entre sentir ódio e pôr em risco a vida de alguém inocente, há uma grande distância. Consegue me entender?




Ok, tudo bem, não precisa se estressar. Você é adepto a meter seu protagonista em crimes, atirando balas a torto e à direita, mas insiste em chamá-lo de mocinho, porque a palavra "herói" não parece apropriada? Você costuma dizer:  "prefiro escrever sobre pessoas comuns"? Ok, também.

Mas você sabia que o seu personagem pode começar com a proposta de ser um vilão e descobrir-se um anti-herói? Qual seria a diferença entre eles?

Logo abaixo você confere os 7 principais arquétipos para a construção de personagens e descobrirá, de cara, que todos eles (ou alguns) são importantes para o seu enredo, mesmo que não trate de super heróis.

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1. Herói  

O cara que guia a história, com um objetivo central de salvar a humanidade, salvar uma pessoa, desvendar um crime ou qualquer outra missão nobre que o faça sair de sua zona de conforto para encarar uma série de desafios. Ele sacrifica suas vontades em prol de um bem comum; é justo, corajoso e faz de tudo para evitar ferir inocentes em sua jornada. Um exemplo disso é Regina em Seas.
Adriana Esteves como Regina


2. Anti-Herói  

É um tipo especial de herói; é o personagem que faz as coisas certas, mas por métodos nada legais. Sabe-se que, geralmente, heróis preferem que seus inimigos paguem por seus crimes na prisão, mas o anti-herói não crê na justiça dos homens e acha mais prático eliminar do planeta (ou pelo menos dar uma lição).

É o arquétipo que mais as pessoas se identificam porque o anti-herói é movido por sentimentos inferiores, como raiva, egoísmo e desprezo pelas normas da sociedade; sua ironia e senso de humor revelam uma criatura inteligente, mas mal vista da turma. Sua personalidade pode, por vezes, confundir-se com a do vilão (e dependendo do nível de anti-heroísmo, pode tornar-se um vilão mesmo), mas quase sempre, o anti-herói ainda preserva bons sentimentos.

É o Justiceiro da Marvel, a Mulher-Gato da DC e, no nosso MV, é a Christina Monroe de Cruel Intentions, a Martha de Marcas da Vida e o Nilo Rodrigues de Anti-Herói, próxima série da WebTV.

Frank Castle em Justiceiro; Vera Farmiga como Christina Monroe em Cruel
Intentions



3. Vilão 

O oposto do herói. Fonte de conflito. Mesmo com "qualidades" semelhantes a de um anti-herói, o vilão não tem uma missão nobre e seu maior objetivo é tirar o herói do caminho para seguir seu plano, seja dominar o mundo, seja casar com a amada, seja ser dono de uma grande empresa. Ele não se redime, não tem sentimento de nobreza e acaba sendo a sombra do herói, porque, por vezes, heróis e vilões têm passados sofridos, mas tomaram rumos diferentes.

Vilões não tornam-se bonzinhos, não se transformam porque, por exemplo, se apaixonaram; isso é coisa de anti-herói. O ódio do vilão está atrelado ao fato de que, mesmo com todas as maldades caindo sobre o seu oposto, ainda assim o herói não sucumbe. É o dr. Hannibal Lecter de O Silêncio dos Inocentes e, no nosso MV, o Cipriano de Raíza.

Hannibal Lecter em O Silêncio dos Inocentes; Cipriano em Raíza



4. Mentor  

É o guia do herói, a pessoa que dará conselhos para que o personagem siga a jornada. Pode ser o pai, a mãe, o filho, espírito santo e amém (parei!). Na verdade, o mentor costuma ser o mais velho e, nem sempre, suas atitudes parecem boas.

5. Pícaro 

É o alívio cômico de tramas tensas. Você já reparou que muitos filmes de terror possuem um personagem que adora fazer piada, fala algo que ninguém mais tem coragem de falar, é bem desconstruidão da porra? Pois é, filmes como a saga Alien quebram a tensão quando um personagem brinca com a situação perigosa (mesmo você sabendo que cabeças, literalmente, vão rolar). Mas o alívio cômico também encontra-se em qualquer trama dramática, e ele pode dividir-se em outros arquétipos como vilão ou herói. É o Jack Sparrow em Piratas do Caribe (também anti-herói) e, no MV, o Mazinho em Gato Preto.

Jack Sparrow em Piratas do Caribe; Mazinho em Gato Preto


6. Metamorfo 

Ou Camaleão, como preferir. Esquisito, né gente? Lembrei do Alien (de novo). É o arquétipo que deixa uma dúvida no ar: Ele é aliado ou vilão? Suas atitudes põem em xeque se está defendendo o mesmo lado do protagonista ou não. É o amigo que vira inimigo ou vice versa. Vale lembrar de Jayme Matarazzo em Seas.

Jayme Matarazzo como Caio em Seas



7. Guardião do Umbral


Ou guardião do limiar. É o desafio a ser enfrentado pelo herói para cumprir sua missão. Pode ser o aliado do vilão (capanga, cúmplice, capataz, braço direito...), um lugar perigoso onde o herói, após atravessar, ganha experiência e livra-se do medo, ou um sentimento que ele precisa se livrar para seguir seu destino. Fácil pensar nesse arquétipo quando lembramos que, para derrubar o vilão em seu território é preciso derrubar os guardas.



Não é necessário que todos eles estejam em seu enredo, mas dominar alguns deles pode ser a chave para não matar o personagem, só porque perdeu sentido. Personagens não perdem sentido à toa; eles não têm personalidade e trajetória definidas.

Com esses arquétipos na mão, será que agora você consegue definir os seus personagens?


Ok, então. Até a próxima, pipow!


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